Instagram e saúde mental: a era da comparação

Em um mundo cada vez mais conectado, onde passamos boa parte do tempo nas redes sociais, o conteúdo consumido impacta diretamente nossa autoestima e imagem corporal. Por isso hoje vamos falar de instagram e saúde mental


O Instagram, com seu apelo visual e estética altamente curada, se tornou um dos principais palcos de comparação. Além disso, infelizmente, ele também contribui para o aumento dos transtornos alimentares.

A comparação começa no feed

A rolagem aparentemente inocente de fotos e vídeos pode se transformar em uma armadilha emocional.
Corpos esculturais, rotinas de treinos intensos e pratos perfeitamente montados criam a ilusão de uma vida saudável e feliz baseada apenas na aparência.
Para adolescentes e jovens adultos, essa exposição constante a padrões irreais gera grande impacto emocional e pode prejudicar o desenvolvimento da autoestima.

O cérebro ainda em desenvolvimento desses jovens busca aprovação e pertencimento.
Quando eles dependem de curtidas e comentários para se sentirem validados, passam a medir seu valor pessoal pelas interações online.
Assim, a autoestima se torna frágil e baseada em comparações distorcidas com influenciadores que, muitas vezes, editam suas imagens ou vendem uma vida idealizada.

Como instagram e saúde andam juntos

Diversos estudos mostram que seguir perfis que exaltam corpos magros ou musculosos aumenta a insatisfação corporal.
Além disso, essa prática também eleva o risco de desenvolver transtornos alimentares como anorexia, bulimia, compulsão alimentar e transtorno da alimentação restritiva evitativa (TARE).

Um dos principais sinais de alerta surge quando a alimentação é guiada pela culpa e pela comparação, e não mais pela fome e saciedade.
Frases como “só posso comer se treinar” ou “não mereço jantar porque comi muito no almoço” indicam que algo está fora de equilíbrio.

Além disso, o consumo excessivo de conteúdo fitness provoca ansiedade corporal, reduz a autocompaixão e incentiva o isolamento social.
Tudo isso acontece sob a falsa ideia de que estar mais magro representa ser mais saudável ou mais aceito.

A saúde mental também precisa de cuidados diários

Embora nem toda exposição seja prejudicial, ela precisa ser equilibrada.
O problema não é o Instagram em si, mas a maneira como usamos a plataforma.
Quando gastamos horas consumindo imagens de corpos idealizados sem refletir sobre a realidade, abrimos espaço para a autocrítica exagerada e para a distorção da autoimagem.

Para quem já tem predisposição a transtornos alimentares ou baixa autoestima, esse ambiente funciona como um verdadeiro gatilho.
Além disso, quanto maior o isolamento social — algo que aumentou nos últimos anos —, maior também é a tendência de se refugiar no mundo digital, alimentando ainda mais esse ciclo.

O papel dos profissionais de saúde

Eu, como nutricionista especialista em transtornos alimentares, observo diariamente o impacto que esse tipo de conteúdo causa nas relações com a comida e com o próprio corpo.
O tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar, que combina acompanhamento nutricional, apoio psicológico e, em alguns casos, suporte psiquiátrico.

Portanto, não basta apenas mudar a alimentação. É necessário reconstruir a forma como a pessoa se enxerga.
Esse processo inclui resgatar a autocompaixão, desenvolver uma relação mais intuitiva com a comida e questionar os padrões estéticos impostos nas redes sociais.

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