Você já comeu só porque a comida era bonita?
Ao longo dos anos no meu consultório, uma cena se repete frequentemente: pacientes que, mesmo sem fome, não resistem a uma “comida bonita” ou a uma sobremesa bem apresentada. No entanto, não se trata de falta de força de vontade – na verdade, é ciência pura, é comportamento humano!
Por exemplo, lembro de uma paciente que sempre repetia o prato em restaurantes com buffet visualmente atraente, mesmo já estando satisfeita. “É como se meus olhos mandassem mais que minha barriga”, ela confessou. E o mais interessante: ela não está sozinha nessa experiência.
O experimento que revela por que comemos com os olhos
Um estudo da Journal of Consumer Research demonstrou exatamente esse fenômeno: participantes que receberam M&M’s em 10 cores diferentes comeram 30% a mais do que aqueles que ganharam apenas 7 cores.
Mas por que isso acontece? Basicamente, nosso cérebro associa variedade visual à novidade – e, como resultado, isso nos leva a comer além da conta, mesmo sem fome real. Trata-se do chamado “comer desatento”, quando fatores externos (como cores, cheiros ou até embalagens) sabotam nossa percepção de saciedade.
Então, isso significa que não podemos apreciar uma comida bonita?
Claro que não! Afinal, a alimentação deve ser prazerosa. O verdadeiro problema, porém, não é o visual atraente, mas sim o piloto automático – quando comemos sem perceber, influenciados por estímulos que nada têm a ver com fome.
Felizmente, com pequenos ajustes, é possível transformar essa relação.
Passos para não ser enganado pelos seus olhos
1. Antes de mais nada, antes de pegar mais comida, pare e respire. Pergunte-se:
– Estou com fome ou só estou comendo porque parece gostoso?
– Meu corpo realmente precisa disso agora?
Esse simples hábito já reduz significativamente os excessos.
2. Outra estratégia eficaz: sirva-se antes de olhar.
Em buffets ou festas, encha o prato uma única vez, longe das opções visuais tentadoras. Dessa forma, você decide pela fome, não pelos olhos.
3. Além disso, transforme a refeição em uma experiência.
Desligue as distrações (sim, tente se afastar do celular) e coma em um ambiente calmo, se possível. Isso porque, quando prestamos atenção no sabor, textura e aroma, ficamos satisfeitos com enos.
Por que isso funciona na vida real?
Quando colocamos essas dicas em prática, passamos a atender às nossas necessidades físicas e emocionais de forma consciente. Consequentemente, a comida deixa de ser uma distração ou compensação. E o melhor? Sem culpa e sem dietas malucas.
Quer aprender a ouvir seu corpo de verdade?
Se você se identificou com essa situação, no meu e-book ensino técnicas para você:
– Identificar se está comendo por fome ou por estímulos visuais;
– Aumentar a satisfação com porções menores;
– Criar uma relação mais tranquila com a comida a longo prazo.
No final das contas, você merece se alimentar com prazer e consciência – e não com arrependimento.
Referência: KAHN, Barbara E.; WANSINK, Brian. The influence of assortment structure on perceived variety and consumption quantities. Journal of consumer research, v. 30, n. 4, p. 519-533, 2004.