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Quanto mais informação sobre comida, mais organização e autocontrole?Aprenda a Lidar Com o Excesso de Informações sobre Alimentação

Nunca antes na história tivemos tanto acesso a informações sobre alimentação, enfrentando, paradoxalmente, uma avalanche de problemas em relação à comida devido à sobrecarga de dados alimentares. Muitas vezes, buscamos soluções rápidas através de dietas restritivas, esperando mudar nossa saúde e aparência. E cada vez mais vamos acumulando ruídos e informações que só atrapalham devido ao Excesso de Informações sobre Alimentação.

Por exemplo: se há alguns anos ou então lá na adolescência você ouviu na TV que não podia comer 2 carboidratos juntos, será que aquela informação era real mesmo em meio ao oceano de dados alimentares? será que era para você? e ela é necessária ainda para o SEU caso em meio ao oceano de dados alimentares?

Muitas vezes essa avalanche de dados pode criar uma relação prejudicial com a comida, gerando sentimentos de culpa e menos valor. E até de dúvidas em relação à própria capacidade. Uma das avaliações iniciais nos acompanhamentos que realizamos é justamente investigar qual o nível de conhecimentos e de acreditar em erros que cada um carrega em relação à comida, corpo e atitudes alimentares. E esse mapeamento inicial traz bastante luz para que as pessoas possam entender algumas dificuldades que são comuns na rotina. E a partir daí as peças vão se encaixar e a evolução vai ser permanente.

Comece sua Jornada para uma Alimentação Equilibrada

Teste isso, mapear as opiniões que você tem e se perguntar: ela vale para mim hoje? E então, respondendo a pergunta desse vídeo: quanto mais informação sobre comida, mais organização e autocontrole? Provavelmente não, e eu posso apoiá-lo na resolução desses pontos que atrapalham e muito na organização e no comportamento alimentar. Encontrei maneiras de alcançar o equilíbrio, trabalhando em conjunto com meus clientes para identificar estratégias específicas e triplar o Excesso de Informações sobre Alimentação.

Ao examinar mais de perto essas questões, podemos estabelecer uma base sólida para mudanças positivas e rigorosas no estilo de vida alimentar. Este processo não é apenas sobre adquirir mais conhecimento, mas também sobre aprender a aplicá-lo de forma eficaz e adaptável às necessidades individuais. Compreender nossas crenças próprias e comportamentos alimentares é fundamental para criar uma relação saudável e sustentável com a comida. Ao invés de nos sentirmos sobrecarregados por uma sobrecarga de informações, podemos aprender a discernir o que é realmente relevante para nós mesmos. Juntos, podemos superar os obstáculos e criar uma abordagem alimentar que não seja apenas nutritiva, mas também gratificante e equilibrada.

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TDAH e compulsão alimentar: desafios para um peso saudável

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O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) não apenas impacta a atenção e o comportamento, mas também pode ter implicações significativas na regulação do peso. Este transtorno se caracteriza como um problema de desinibição comportamental, afetando a memória, motivação e a autorregulação do afeto.

Indivíduos com TDAH frequentemente enfrentam desafios na organização e planejamento, refletindo-se na abordagem da alimentação. A falta de antecipação na preparação de refeições apresenta-se como um grande desafio. A omissão de refeições é comum devido a distrações e à perda de foco nas intenções de uma ingestão moderada de alimentos. Esses comportamentos podem resultar em padrões alimentares desregulados e, eventualmente, em compulsão alimentar.

Veja aqui  esse pequeno vídeo que aborda sobre TDAH e propensão à compulsão alimentar.

A dificuldade dos adultos com TDAH em regular suas emoções também desempenha um papel significativo. Em resposta a humores desagradáveis, muitos recorrem à alimentação reativa, buscando conforto na comida. Esses padrões alimentares desregulados não apenas impactam a saúde mental, mas também podem contribuir para o aumento do peso e, potencialmente, levar à obesidade. 

Reconhecer essa conexão é crucial, sendo fundamental implementar estratégias que auxiliem os indivíduos com TDAH a gerenciar sua alimentação de maneira mais saudável. A ênfase na educação nutricional torna-se essencial nesse contexto.

Pessoas com TDAH apresentam uma propensão maior ao consumo de fast-food e à vivência de episódios de comer emocional. Esses comportamentos aumentam a suscetibilidade ao ganho de peso, o que torna a perda de peso uma tarefa mais desafiadora. Assim, é imperativo oferecer orientação não apenas sobre escolhas alimentares saudáveis, mas também sobre estratégias para o planejamento de refeições e técnicas para lidar com emoções. É importante destacar que ofereço todas essas técnicas com orientação no acompanhamento nutricional.

Para promover um estilo de vida equilibrado, é necessário compreender as complexidades da relação entre TDAH e compulsão alimentar. O primeiro passo consiste em desenvolver abordagens eficazes. Ao proporcionar apoio e educação nutricional apropriada, é possível ajudar esses indivíduos a superar os desafios alimentares associados ao TDAH, estabelecendo hábitos saudáveis que contribuam para o controle de peso a longo prazo. Além disso, promover uma relação mais gentil com o corpo torna-se crucial para evitar episódios de compulsão alimentar.

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Crianças e Adolescentes e o tempo ampliado na internet durante as férias: Desafios e Cuidados na Insatisfação Corporal

crianças e adolescentes com transtornos alimentares

Nos dias de hoje, crianças e adolescentes têm dedicado uma parcela significativa de seu tempo às redes sociais e sites de fanfic (espaço para escrever e compartilhar histórias). 

O impacto do isolamento social durante a pandemia foi especialmente significativo para esse público, afetando seu desenvolvimento, socialização e o acesso exacerbado a recursos online. Em meu consultório, pude observar um aumento considerável na procura por ajuda relacionada à imagem corporal, principalmente após o retorno às atividades presenciais. Muitos familiares buscaram suporte para lidar com adolescentes e crianças que enfrentavam questões ligadas à autoimagem.

Um aspecto crucial a ser considerado é o período de férias. Contrariando a ideia comum, nem todas as crianças e adolescentes desfrutam desse período como esperado. Um bom exemplo, trata-se do planejamento para emagrecimento visando o retorno às aulas, o que não é incomum nessa idade. Sabe-se, que esta prática está entrelaçada à cultura de promessas de dietas de ano novo, somando-se à insatisfação corporal, ao tempo livre e ao maior acesso a conteúdos diversos.

Assim, é essencial um alerta aos cuidadores. Se perceber que crianças e adolescentes seguem nas redes sociais figuras que representam padrões corporais considerados ideais, é crucial abordar o assunto. A comparação é comum, e meninas de 13-14 anos frequentemente se comparam a mulheres mais velhas, muitas vezes sem perceber a artificialidade da imagem projetada.

É importante destacar que o cuidado deve se estender para o período de férias,

pois é acompanhado de tempo extra na internet, associado à cultura de dietas no início do ano, pode desencadear gatilhos perigosos. Dessa forma, o diálogo torna-se fundamental, pois crianças e adolescentes muitas vezes não discernem entre a realidade e as construções cuidadosamente planejadas nas redes sociais.

É necessário explicar que o que é visto online é frequentemente resultado de um trabalho profissional, incluindo cenários planejados e edições de fotos. A comparação abrange não apenas o corpo, mas também a vida como um todo, levando à percepção de classe e desencadeando ansiedade e frustração.

Portanto, o diálogo aberto com crianças e adolescentes sobre suas experiências online é essencial. Não se trata de proibir o acesso, mas de compreender os desafios que eles enfrentam e oferecer suporte quando necessário. A busca por ajuda profissional também é uma opção válida diante de situações mais complexas, pois permite a garantia que esse tema sensível será abordado de maneira consciente e responsável.

Para aprofundar o tema, compartilho um episódio do podcast do qual sou apoiadora, o Nóz da Nutrição, onde falei mais sobre o assunto:

Acesse o episódio sobre férias e insatisfação corporal AQUI

Por fim, vale destacar que o acompanhamento nutricional que ofereço é um grande apoio para auxiliar crianças, adolescentes e familiares a enfrentarem essa situação unidos. O quanto mais precoce for a busca por apoio, mais cedo a relação tranquila com o corpo e com a comida será reestabelecida. 

QUERO MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL PARA INSATISFAÇÃO CORPORAL

Você tem interesse no assunto dos Transtornos Alimentares? Clique aqui e acesse mais conteúdos.

Fome Emocional ou Compulsão?

Quero te fazer refletir: será que é comer emocional mesmo ou é uma fome negligenciada? Deu um nó na cabeça? Calma, vou te explicar melhor.

Não é porque sentimos o nosso estômago saciado ou porque acreditamos que consumimos as calorias suficientes do dia que necessariamente tenhamos suprido a nossa fome. Quero contar pra vocês que muito além das nossas fomes emocionais, que são tão profundas e às vezes difíceis de identificar, existe a fome celular, ou seja, a fome das nossas células. Aquela fome que alerta o seguinte: você pode estar precisando de mais nutrientes.

Beliscar o dia inteiro pode ser ansiedade, busca por recompensa e/ou fome.

Se você sente que belisca o dia inteiro ou tem aquela sensação de fome que não passa, pode ser sim por questões emocionais, porém não podemos deixar de considerar o fato de poder ser uma fome deixada de lado: por ser um desafio na organização, falta de reconhecimento dos sinais de fome ou, algo muito comum: não acreditar que pode ser fome, ficar indignada por isso:

– “Ué, acabei de comer?” E ficar brigando consigo por estar sentindo fome novamente e não buscar entender o que pode estar se passando.

Mas por onde começar?

Não sei se você já fez dietas daquelas bem restritivas que você sentia que a fome nunca acabava. Ou aquele dia que está tão cansada que não consegue cozinhar e fica só comendo fruta, pão, lanchinhos e parece que a fome nunca passa.

Pois é, a fome não vai passar mesmo. Ainda que o estômago esteja saciado (cheio volumetricamente), ele não está com os nutrientes essenciais para suprir suas necessidades

Vamos pensar em um exemplo: 

Você está com fome e resolve comer um panelão de pipoca. Na hora que está comendo se sente saciada, porém, 30 min depois já está com fome! Por quê?

Porque aquela refeição tinha volume mas não tinha os nutrientes necessários para te manter saciada por mais tempo.

Já pensou sobre isso? Será mesmo que as beliscadas e aquela vontade de comer é apenas emocional? Pode até ser, mas precisamos excluir a possibilidade de você não estar comendo o suficiente.

Tem mais dúvidas sobre  fome emocional?  Ou quer conhecer mais meu trabalho? Comece aqui!

Apoio no tratamento de transtornos alimentares é Indispensável. Como a família pode ajudar alguém com compulsão alimentar?

Apoio no tratamento de transtornos alimentares

Apoio no tratamento de transtornos alimentares

O Apoio no tratamento de transtornos alimentares faz parte integral do tratamento de transtornos alimentares, e as atitudes cotidianas têm um impacto significativo. Vamos considerar algumas maneiras de oferecer esse apoio:

Evite comentários sobre comida e corpo:

Evitar comentários sobre comida ou corpos, seja da pessoa em tratamento ou de outras, famosas ou não, é crucial. Comentários sobre o corpo de figuras públicas também podem ser prejudiciais.

Ajude na busca por profissionais especializados: Ajudar a encontrar e acompanhar profissionais de saúde especializados é fundamental. Estar presente em consultas quando necessário e colaborar com os profissionais de saúde em reuniões são formas importantes de apoio.

Esteja disponível para auxiliar: Em muitos casos, pode ser necessário reduzir certos alimentos em casa para evitar gatilhos. Ter paciência e respeitar esse período de ajuste é essencial.

Faça concessões temporárias: Esteja aberto a fazer ajustes temporários no cardápio familiar. Dialogar sobre as preferências alimentares e encontrar soluções em conjunto pode ser benéfico, até mesmo discutir essas questões em sessões com um nutricionista.

Auxilie na adesão ao tratamento: Ajude a pessoa em tratamento, especialmente os adolescentes, a lembrar das consultas e dos exercícios propostos pelos profissionais de saúde.

Priorize o tratamento: Esteja atento aos sinais de recaída ou afastamento das consultas e ajude a pessoa a priorizar seu tratamento.

O tratamento pode ser desafiador quando se está sozinho. É importante oferecer suporte, pois as lutas internas são intensas. A família e a rede de apoio desempenham um papel crucial nesse processo de Apoio no tratamento de transtornos alimentares.

Lembre-se: quem cuida dos cuidadores?

Sua saúde mental e alimentação precisam andar juntas. Agende uma conversa inicial comigo, nela apresentarei um plano estratégico e exclusivo para o seu caso. Clique aqui e saiba mais.

Diferenças entre comer emocional e Transtorno de Compulsão Alimentar

Quais são as diferenças?

A alimentação emocional é conceituada como comer em resposta a experiências negativas, determinadas emoções e humores. 

O comer emocional pode aparecer como uma resposta a sentimentos negativos, como estresse, ansiedade, decepção e sentimentos de solidão, por exemplo. Nas primeiras experiências de aprendizagem lá na infância, o uso da comida como expressão de amor/recompensa faz com que se crie uma relação da comida com emoções e posteriormente torne a comida uma ferramenta de defesa. Um exemplo disso pode ser a bala que é dada após tomar uma injeção, e também a sobremesa oferecida após limpar o prato.  

Então, com o passar do tempo, o comer como uma resposta às emoções pode levar a sensação de confiança temporária e conforto. Tal conforto transforma-se em estratégia de enfrentamento e, possivelmente, um precursor de hábitos alimentares não saudáveis ao longo do tempo.

No caso do Transtorno de Compulsão Alimentar, é uma condição de saúde que requer diagnóstico específico. Em suma é caracterizado por episódios recorrentes de compulsão alimentar, definida como comer em um período de tempo (cerca de 2 horas) uma quantidade de comida maior do que a maioria das pessoas comeria em circunstâncias semelhantes, e ter uma sensação de perda de controle sobre o comer. 

Nas pessoas que apresentam o Transtorno de Compulsão Alimentar não se observa o envolvimento regular em comportamentos compensatórios inadequados como na bulimia nervosa, por exemplo, vômitos autoinduzidos ou uso excessivo de diuréticos ou laxantes e atividade física em demasia. Os episódios de compulsão alimentar estão associados a sentimentos de culpa e angústia e ocorrem em média pelo menos uma vez por semana durante 3 meses consecutivos. 

Durante um episódio de compulsão alimentar, os pacientes podem comer grandes quantidades de alimentos quando não estão fisicamente com fome, comer mais rapidamente do que o normal e comer até se sentir desconfortavelmente cheios. 

As pessoas convivendo com esse transtorno podem muitas vezes comer em segredo, devido a vergonha pela compulsão alimentar e sua incapacidade de controlar os impulsos.

Acompanhamento multiprofissional e rede de apoio fazem parte do tratamento. Se você recebeu o diagnóstico ou então sente que sua relação com a comida está causando desconfortos físicos e/ou emocionais, busque apoio nutricional.

Referências:

Guerdjikova, A. I., Mori, N., Casuto, L. S., & McElroy, S. L. (2019). Update on Binge Eating Disorder. Medical Clinics of North America, 103(4), 669–680. doi:10.1016/j.mcna.2019.02.003 

Ekim, A., & Ocakci, A. F. (2020). Emotional eating: Really hungry or just angry? Journal of Child Health Care, 136749352096783. doi:10.1177/1367493520967831

[APA] AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM 5. Washington, DC: American Psychiatric Association, 2013. 

 

Transtornos alimentares – identificação e diagnóstico

Transtornos alimentares

É importante compreender que Transtornos Alimentares (TA) são quadros psiquiátricos em que ocorrem alterações no comportamento alimentar, alterações disfuncionais no peso e no controle da forma corporal. Pode ter relação com fenômenos históricos como a hipervalorização do corpo magro como um fator sociocultural, e além dele há também interferências biológicas, clínicas e psicológicas que podem participar desde o desencadeamento da doença até sua manutenção e em seu agravamento clínico. 

Os TA são condições que aparecem principalmente entre adolescentes e adultos jovens, com maior prevalência no sexo feminino. São situações que envolvem transtornos psicológicos e distorção da imagem corporal. 

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Alimentares em sua 5º edição (DSM-5) descreve critérios para o diagnósticos dos seguintes transtornos alimentares: anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno de compulsão alimentar, transtorno de ruminação, transtorno alimentar restritivo/evitativo e Pica.

Os primeiros transtornos identificados foram a anorexia e a bulimia, porém, com o passar dos anos outras situações foram classificadas como TA, como o transtorno da compulsão alimentar.  

A anorexia nervosa é caracterizada pela perda de peso intensa por meio de dietas extremamente restritivas, ou seja, redução de peso de forma voluntária. Pode-se dividi-la em 2 subtipos: anorexia nervosa restritiva ou purgativa.

A bulimia nervosa está relacionada à episódios de exageros alimentares seguidos de um evento compensatório: auto-indução de vômitos, uso de medicamentos, exercícios físicos extenuantes como forma de compensar a quantidade de alimentos ingerida. Esses episódios de alimentação compulsória estão muitas vezes relacionados à prática de dietas muito restritivas, situações que provocam estresse e também a um quadro depressivo. 

Ao contrário da bulimia nervosa, o transtorno da compulsão alimentar não envolve comportamentos compensatórios para evitar um possível ganho de peso. Esse transtorno é caracterizado pela ingestão alimentar atípica, em grande quantidade e em um período de tempo curto, acompanhado da sensação de perda de controle sobre o quê ou o quanto foi consumido.

Recentemente, uma nova situação foi identificada, porém, não leva a classificação de transtorno alimentar, a ortorexia. Trata-se de um quadro de obsessão pela saúde alimentar, pela qualidade dos alimentos e pureza da dieta, levando a uma restrição alimentar significativa. Engloba a ingestão de alimentos extremamente saudáveis e livres de impurezas, como os agrotóxicos e aditivos artificiais, com a justificativa de obter um corpo saudável e melhor qualidade de vida, mas de uma maneira disfuncional.   Assim, há grande impacto na sociabilidade alimentar. 

Principais dúvidas sobre o assunto:

Dietas muito restritivas podem gerar problemas para seus adeptos? Quando elas são indicadas e quando tornam-se motivo de preocupação?

Dietas restritivas podem ser necessárias em casos específicos como intolerâncias ou alergias, e em alguns casos no auxílio ao tratamento de condições de saúde gastrointestinais, dentro outras situações muito específicas. Porém é necessário destacar que não se excluem grupos alimentares inteiros, como todos os carboidratos, todas as gorduras ou todas as proteínas, pois isso tem um impacto muito sério na saúde.

Quando o objetivo for emagrecimento não há essa indicação de restringir grupos alimentares inteiros, já que apresenta rico à saúde e possível efeito sanfona quando a perda de peso for drástica. Um dos principais prejuízos das dietas restritivas é a perda da conexão interna com os sinais de fome e saciedade, já que quanto mais dietas são feitas e mais regras externas são impostas, maior o nível de dificuldade de reconhecer esses sinais genuinamente, fazendo com que a pessoa se sinta cada vez mais presa a esse padrão de restrição e culpa.

Do ponto de vista fisiológico dietas restritivas podem excluir nutrientes essenciais a inúmeras funções orgânicas, o corpo tem a capacidade de se adaptar temporariamente, mas isso dura pouco e a falta de energia, alterações no sono, na atenção e no humor, queda de cabelo, perda de massa muscular e muitas vezes desidratação e outras situações ainda mais graves podem ocorrer. O efeito sanfona de “perde e ganha” de peso não é inofensivo, a estrutura corporal é capaz de ser modificada a cada restrição, por isso a cada nova dieta parece ser ainda mais difícil perder peso, pois o corpo se adaptou, acumulando assim mais gordura como forma de protegê-lo.

Como identificar um comportamento alimentar fora do comum? Qual a importância de se tratar esses quadros e como deve-se buscar ajuda em caso de identificação do problema?

São vários os sinais de alerta que familiares, amigos e professores podem estar atentos. Quando a pessoa demonstra muita culpa ao comer, define o seu dia como bom ou ruim a depender do que comeu, perda do interesse para outras atividades focando a maior parte do tempo em preocupações com seu peso, tem imagem corporal distorcida, faz comparação frequentemente com corpos alheios, apresenta modificação brusca de peso, pode ter interrupção do ciclo menstrual, pula refeições, dirige-se ao banheiro logo após a refeição, utiliza chás ou medicamentos com o intuito de emagrecer (geralmente sem acompanhamento médico), está sempre em dieta e pode ser acompanhada ou não de momentos de grandes exageros alimentares. Além disso, um alerta é para a prática de atividades físicas, passar horas em exercícios também pode um fator que merece atenção.

Como é feito o tratamento?

O diagnóstico e tratamento são feitos por equipe interdisciplinar especializada, é importante que seja composta por no mínimo médico psiquiatra, psicólogo e nutricionista com experiência em transtornos alimentares. Profissionais como fisioterapeutas, profissionais de educação física, dentre outros, preferencialmente especializados no assunto também podem ser grandes aliados ao tratamento.

No caso de não receber diagnóstico de transtorno alimentar, mesmo assim devo buscar ajuda?

Ainda assim, mesmo não fechando um diagnóstico dentro dos critérios estabelecidos e se há sofrimento, risco nutricional, sensação de perda de controle, dentre outros desconfortos, é preciso buscar apoio profissional especializado. 

 

“Se a pessoa precisa parar de comer, fazer jejuns, grandes restrições, praticar exercícios até a exaustão sem respeitar os limites do corpo e se culpar todas as vezes que se permite ter um prazer alimentar (mesmo que mínimo) será mesmo que isso é saúde? Que esse é um objetivo de corpo sustentável, duradouro e gentil?”

 

Referências:

CORDÁS, Táki Athanássios. Transtornos alimentares: classificação e diagnóstico. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), v. 31, p. 154-157, 2004.

AZEVEDO, Alexandre Pinto de; SANTOS, Cimâni Cristina dos; FONSECA, Dulcineia Cardoso da. Transtorno da compulsão alimentar periódica. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), v. 31, p. 170-172, 2004.

ROMARO, Rita Aparecida; ITOKAZU, Fabiana Midori. Bulimia nervosa: revisão da literatura. Psicologia: Reflexão e crítica, v. 15, n. 2, p. 407-412, 2002.

ABREU, Cristiano Nabuco de; CANGELLI FILHO, Raphael. Anorexia nervosa e bulimia nervosa: abordagem cognitivo-construtivista de psicoterapia. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), v. 31, n. 4, p. 177-183, 2004.

MARTINS, Márcia Cristina Teixeira et al. Ortorexia nervosa: reflexões sobre um novo conceito. Revista de nutrição, v. 24, p. 345-357, 2011.

ALVARENGA, Marle dos Santos et al. Transtornos alimentares e nutrição: Da prevenção ao tratamento. 1. ed. Barueri SP: Manoele ltda, 2020. ISBN 9788520457252.

Compromisso e planejamento: uma dupla que não tem nada a ver com dieta

Assunto extremamente delicado, eu sei. Vem comigo que vou mostrar para você 3 PONTOS IMPORTANTES.

No entanto é preciso compreender que dieta tem começo, meio e fim. Já o compromisso que estabeleço comigo, com minhas prioridades é permanente, apesar de poder ser fluido e constantemente reavaliado.

Quando identificamos que uma vida de dietas restritivas não condiz com maneira com que desejo me relacionar com a comida e com meu corpo, não nega o fato da necessidade de estabelecer alguns passos. Pequenos, mas que caminham para frente, que retrocedem, se perdem e novamente retornam.

Sair da mentalidade de dieta (pensamentos como 8 ou 80) e cair num ambiente parecido com esse, não é o caminho. É preciso reconhecer que ter compromisso com a gente e estabelecer um planejamento, mesmo que muito pequeno (em comparação com aquelas metas já bem conhecidas de início de ano é sim suficiente).

Mas e agora? Como construímos um compromisso e um planejamento que respeitem o nosso processo? Que tal levar em conta os seguintes pontos:

– Vou continuar comendo enquanto sigo respirando, certo? Certo. Por isso, preciso fazer as pazes com esse processo. Então beleza:

– Tenho habilidades hoje em estabelecer uma rotina alimentar que faça sentido para mim e que seja sustentável (que dure e que seja acessível financeiramente)?

Se você tem -> ótimo. Se não tem: você pode conversar com amigos ou familiares sobre? Ler bons livros a respeito? Acessar ajuda profissional?

– Tenho flexibilidade para entender que qualquer avanço merece reconhecimento, e que a manutenção de um novo hábito ou comportamento pode ser uma das partes mais desafiadoras? Consigo me apoiar nisso ou preciso de ajuda?

Enfim. Desejo que possamos criar redes de apoio para destrinchar alguns nós, avançar e parar de apontar o dedo para nós mesmos.

Busque ajuda e saiba que sempre haverá um caminho possível.

Abraço!

A influência cerebral na relação com a comida

Sempre busco diferentes formas de ajudar as pessoas a entenderem a complexidade que é o comportamento alimentar.

Essa regulação, por sua vez, é proveniente de fatores internos e também de influências externas. Ao mesmo tempo que hormônios como grelina, leptina, insulina e glucagon regulam nosso comportamento a frente da alimentação, fatores externos como o ambiente em que estamos, situações sociais e até mesmo nossas emoções possuem importante papel nessa regulação, e tudo isso compõe o apetite.

Esses hormônios são liberados em função do que comemos e da composição corporal e assim, sinalizam o cérebro, que controla a sensação de fome e saciedade. Já os fatores externos estão ligados ao sistema de recompensa, sofrendo influência das emoções e sensações, da pressão social e do prazer.

Esses componentes são o que direcionam a busca pela comida, ditam o valor que atribuímos ao que consideramos recompensas e regulam as propriedades atrativas da comida.

Visualiza o quanto somos incrivelmente complexos? E que qualquer propaganda que faça promessas fáceis demais serão ciladas?

E os fatores externos então? Muito alheios ao nosso controle, dia após dia acrescentam elementos nesse quebra-cabeças que somos.

Nosso apetite, de fato, não é só estar com fome. E, nossa fome, por sua vez, não é só de comida 💚💃🏻🎶🎼📺💡📚

 

Referência:

HIGGS, Suzanne et al. Interactions between metabolic, reward and cognitive processes in appetite control: Implications for novel weight management therapies. Journal of Psychopharmacology, v. 31, n. 11, p. 1460-1474, 2017.